Ou será que se pode começar a gostar de uma música, que até então se desgostava, por amor? Mas que se desgostava de tal forma que ter-se-ia de tomar, de imediato, um vomidrine para adormecer instantaneamente, evitando, assim, os vómitos consequentes? É possível desatinar à brava com a voz da Anastácia e, meses mais tarde, começar a achá-la muito sebem, por amor? Poder-se-á afirmar que se compraria, sem hesitar, o último êxito do fadista Rodrigo, sob pretexto de que o carinho por tal sonoridade, inexistente até ao momento – por motivos muito, muito fortes, nomeadamente as patilhas e os pelos no peito – começou a despontar, de forma bastante acentuada, por amor? O amor por músicas, por grupos, cantores ou por aí fora pode ser inventado por amor? O vomidrine é um comprimido anti-enjoo ou é, na realidade, um soporífero, e andaram a enganar-nos este tempo todo?