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Sou uma pessoa preconceituosa. Tenho consciência do meu preconceito, do modo como o exerço diariamente e de como seria bom que eu deixasse de ser preconceituosa rapidamente. Para que se possa ter uma ideia, faz-me espécie uma quantidade de gente. Olha, acho mal que se tenha pena dos gordalhões, por exemplo, que não se aguentam. Discordo de betos, de pessoas que frequentam as Docas, que gastem o seu tempo a ler o Segredo, que acreditam em Deus, que não gostam de cerveja e, inclusivamente, que são preconceituosas. O meu passatempo preferido consiste, aliás, em contraiar preconceituosos, como eu. Basicamente, só gosto dos meus amigos (que, curiosamente, até podem pertencer a qualquer uma das categorias que acabei de enunciar). Ser preconceituoso é extremamente sufocante, castrador e, por vezes, infeliz. Não faço ideia de que seja fruto esta condição: de um coração fechado, fechadinho, sem espiritualidade alguma? de ter muita juventude dentro de mim? de ser ignorante? de ter muita juventude dentro de mim e de ser ignorante e de não ter espiritualidade alguma? será uma forma de vida como outra qualquer? De certa forma, sinto-me uma jovem preconceituosa ignorante, de coração fechado. De maneira que a partir de amanhã, serei, oficalmente, uma jovem humanista ignorante, talvez com alguma espiritualidade, mas não-crente à mesma, e conto, para tal, com a ajuda de todas as pessoas à minha volta. Muito obrigada.
Menos com a ajuda desta:
