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Carminho – a miúda que nos calou ontem à noite – e a sua dor profunda. Bravo!
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Toda esta conversa da Amália trouxe-me à memória as matinés de fado na Penha de França (oh, as saudades, as saudades). Para uma suburbana como eu, as matinés de fado (e a gingko biloba do jardim da Paiva Couceiro) eram das coisinhas mais bem boas que o mundo me podia oferecer. Nem precisava de me deslocar ao sítio: bastava abrir a janela para ouvi-los a cantar a pulmões abertos. Que maravilha! Mas um dia desloquei-me. Nessa tarde, a família Lemos (pai, mãe e filho) era a protagonista. A mãe, Lena Lemos, cantou o fado Voltaste, a música mais clarividente que me veio parar as ouvidos naquele ano (o ano passado). Googlei e, guess what, encontrei esta pérola da dor de corno. A letra é de um senhor chamado Joaquim Pimentel, e versa sobre uma senhora que é traída e perdoa, porque é melhor perdoar, derivado a gostar muito do amado ("Antes mentiras contigo do que verdades sem ti"). Aqui cantada por uma senhora chamada Adélia Pedrosa. Ora bem:
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Resta-me rezar aos santinhos para que o projecto Amália Hoje não esteja por aqui (pá, sei lá) e pegue no Voltaste. Que horror, só de pensar.
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mon chat et mon Idol
ensemble dans les rêves électriques
grâce à le Vingt-cinq Avril toujours
(le fascisme n'a jamais)
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O melhor post, que seria um post só a falar bem. A falar bem de alguém. A falar muito bem de alguém. Também teria de ter música. Música real, com coros, segundas vozes, reco-reco e piano. Até poderia incluir comida, mas seria um post fundamentalmente a falar muito bem de alguém. Faz-me falta escrever um post a falar muito bem de alguém. Algo com "extraordinário", ou "que bom, a sério", ou "torrão de alicante", ou "sunset boulevard", ou "repara como ascende", ou "carapaças mitificadas", ou "ai, o Marais", ou "disorder". Disorder não, que nem toda a gente compreenderia o pendor positivo de "disorder". Tinha de ser um post a falar muito bem, e que toda a gente compreendesse bem que ali se estava a falar muito bem. Sem rodeios e códigos e cenas do género. Ah, e não escreveria "cena", nem "sebem", nem "fluir", nem esses maneirismos. Sem tristezas, sem alegrias, sem bajulações. Só a dizer bem, tranquilamente e com algum exagero.
O projecto "Amália Hoje" é a pior merda que vi nascer neste país desde aquele hotel Altis ali à beira rio que tapa a torre de belém quando vamos deste lado.
Até breve.
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3 (três) PAIA.
design (desenhinho) by: mafalda.
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beautiful in many ways.
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Se dúvidas houvesse.
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As evidências são cada vez mais claras.
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Ainda que não pareça.