Quarta-feira, 11 de Julho de 2007
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Pior do que ter de travar parando o carro numa situação daquelas imparáveis por causa de um indivíduo pedonal que decide iniciar o atravessanço na estrada e que, já com o corpo todo na estrada, com a cabeça virada no nosso sentido, mas os olhos no sentido do carro de trás, também parado, acena três vezes (portanto, sentido dentro-fora) gesticulando um "avança, avança, vá, vá, que eu deixo e até te faço este favor, olha que o gajo de trás tá parado, e porque eu sou muita esperto e expedito e panasca e consigo fazer várias coisas ao mesmo tempo" será a maldição porvindoura de quebrar a corrente dos livros, desta feita chegada até mim pela
Madame Basturlec (isto são os céus a darem-me a última oportunidade para permanecer feliz, está visto). Portanto, não a vou quebrar, credo, e passá-la-ei, claro. E se pudesse passava a tudo e todos, mas há regras.
Vamos, então. Entre os últimos cinco livros que li e que estou a ler encontram-se os seguintes:
- a antologia dos
Contos do Machado de Assis, volume I (foi comigo para as Caraíbas em Dezembro passado e há-de andar sempre comigo);
- a antologia de
Contos do Machado de Assis, volume II (foi comigo para as Caraíbas em Dezembro passado e há-de andar sempre comigo);
-
O Ano do Pensamento Mágico, da Joan Didion (tem ido comigo no metro);
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A Ilíada, de Homero (não tem passado da mesa de cabeceira);
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Lisboa no Ano Três Mil, de Cândido de Figueiredo (edição provisória e única, de 1892. Um livro que li rápido demais. É excelentemente engraçado de tão hermeticamente esquizóide. Estamos a falar de um homem que fez um dicionário, atenção.)
Ora então vou passar esta forte corrente a ter ser de realizada sob pena de maldição ao
meu irmão. Estou a brincar; tu és flicker das fotografias, não podes. Quero passar esta forte corrente à
Fá-Fá (beijinho, minha querida! e de atalaia...), ao
Samuel Úria (vá lá, men; olha a maldição...), ao
Gonca (vá lá, men), à nha
myself (não é fixe, isto?), ao
Pastel de Nata (vá lá, men; olha que isto nunca se sabe) e ao
Miguel. Estou a brincar; tu não podes, Miguel, porque só podem ser cinco. Senão, a maldição...
Terça-feira, 10 de Julho de 2007
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Relativamente ao debate de ontem, aguentei até ao início da terceira parte, mas depois adormeci, embalada pela voz do Telmo Correia. Ora, tanto quanto me é dado a saber, aquele nariz do Telmo Correia não existia; os cartazes e mesmo os noticiários televisivos não o acusavam. Até ontem. É um nariz do mesmo género do do Carmona Rodrigues: grande, esbatido na ponta, oleoso e bexigoso (o do Carmona é mais bexigoso, contudo), o que parece não coadunar-se com o tipo de cara que tanto um quanto o outro apresentam: ovalada, com final afunilado (ainda que o Telmo Correia comece já a despontar umas bochechinhas redondinhas e queridinhas). Ora, há aqui uma dissonância estética entre cara e nariz, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de dissonância estética. Bom, esta dissonância não se vê suceder com António Costa e Ruben de Carvalho, por exemplo, que apresentam um nariz também da família dos arredondados, mas de confiança: são proporcionais ao resto das caras de cada um deles, ambas arredondadas. Têm os chamados "narizes bem postos". Contudo, o Ruben de Carvalho não tem pescoço, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de pessoas sem pescoço, e é provável que a descoloração que o António Costa apresenta nos dentes inferiores seja pedra. Mas aqui tenho dúvidas de que seja mesmo pedra, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de dúvidas. Existe consonância estética nas caras dos seguintes candidatos: Garcia Pereira (belo cabelo), Quartin Graça, rapaz do PNR, fadista, Fernando Negrão e o Zé. Não significa isto porém que sejam bonitos. Bom, o esteticamente consonante Zé é bonito, mas tem uma graduação de lentes bastante elevada, com tendência a subir, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de ceguinhos. Nenhum dos restantes consonantes é, de facto, bonito, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de não-bonitos. O Manuel Monteiro faz lembrar a gorda dos Gossip: é muito histérico, e o eleitor sabe que Lisboa não precisa de histéricos. A Helena Roseta, por sua vez, não a vi. Portanto, não sei dizer, só sei é que o eleitor sabe que Lisboa não precisa de invisíveis.
De maneira que ainda bem que não estou recenseada em Lisboa.
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Além da flora, Lisboa tem outra coisa realmente diferente da Margem Sul que é a chamada democracia. Não era isto que eu queria dizer... Era mais democracia política. Minto: democracia partidária, é isto. Bom, no fundo. Desde que me conheço que em alturas de votar para a câmara do Seixal só se vêem cartazes de um partido, só se conhece o candidato de um partido, só se vota em um partido, estranhamente há mais do que um quadrado no boletim de voto, mas não interessa, e só ganha um partido: o Partido Comunista. Nunca estranhei este facto, confesso: aquilo (a Margem) tem bandas muito fixes, concertos fixes, bom cinema, boas peças de teatro, bom jazz, boas rotundas, bons supermercados Europa, bons circuitos de manutenção (inclusivamente à beira-rio), suburbanos fixes, gangs fixes e os melhores amigos que se pode ter. Nem nunca estranhei o facto de que todos nós ali do concelho fossemos encaminhados, desde muito pequenos, para as várias festas do Avante e que fosse nessas festas (nomeadamente d.A - depois da Atalaia) que nos fossem proporcionadas experiências bastante boazinhas a nível da maluqueira, fazendo-nos crer que o chamamento "camaradas" e que beber moscatel pela garrafa são factos bonitos. E são, verdade seja dita. Pobrezinhos dos que nunca o fizeram.
Bom, mas isto tudo para dizer que ando bastante entusiasmada com estas eleições agora de Lisboa, com a quantidade de candidatos, a quantidade de informação que temos sobre os candidatos (na medida do possível) e com o debate de ontem (ainda que ninguém tenha mencionado o problema gravíssimo que são os pombos e a altura dos pés-direitos das casas de Alfama). É. Cada vez mais me convenço de que viver em Lisboa é que é. Pena que não se consiga pagar o preço que pedem pelas casas, já agora que se fala nisto.
Sexta-feira, 6 de Julho de 2007
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batukada no terreno da décima terceira edição do Super Bock Super Rock – dia 3
Gostei muito do terceiro dia do SBSR. Estava um calor maravilhoso, a cerveja geladinha, a malta animada, principalmente, a gorda dos Gossip não se despiu e o Daniel Kessler esteve... lá, ao pé de nós (Nuno!!! Tocaram tão bem, Nuno!!!). Hurray.
Temperatura: Interpol.
Vento: TV on the Radio.
Calor: Interpol.
Cor predominante: Interpol.
Preço da cerveja: de 1,5 a 4 euros.
Gosto muito dos TV on the Radio e depois de os ver ao vivo passei a gostar ainda mais. O som estava péssimo e o sol ia meio alto meio baixo ainda, mas foi um dos momentos altos do dia: muita garra, muita concentração, muito sentimento. Contudo, sistema de som artesanal. Aquelas coluninhas no palco... palise. Não se admite a fraca qualidade mecânica.
Mas voltando atrás, nomeadamente aos Gossip: o pires e a
myself dizem-me que foi dos melhores concertos do SBSR. O Pires diz que foi o concerto de que mais gostou na medida em que foi o que mais o surpreendeu e que "é um som cru, a lembrar a PJ Harvey". Seja o que for, a mim os Gossip não convencem: um som repetitivo, uma gorda estridente e demasiado faladora e, enfim, não sei mais. Bom, amigos à mesma.
Indo à frente aos Scissor Sisters: gostei. Gostei da malta dos Scissor e do concerto que deram. Foi fixe.
Relativamente aos Interpol, a banda que me fez comprar o passe para este festival, gostei muito, mas só porque voltarão em Novembro. Tudo muito certo, tudo muito bom e compostinho. Continuo, ainda assim, a arrepender-me de há dois anos ter vendido o bilhete que me dava acesso ao concerto na Riviera, em Madrid, por causa da puta da tese que carregava às costas.
Enfim, viva o rock.
Quinta-feira, 5 de Julho de 2007
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... estamos cá é para isto.
. Respondendo à corrente do
Le Fante, as minhas últimas cinco refeições consistiram nas que de seguida se indicam (da mais recente para a mais antiga).
– Uma panóplia de sushi, sashimi, camarão frito, massa e chá verde num restaurante impressionante que existe num centro comercial de Odivelas em que a gente chega, senta-se ao lado de uma passadeira onde vão passando pratinhos e pratinhos e mais pratinhos com comida japonesa, chinesa, batatas fritas com ketchup, pudins boca doce, digestivos de tapioca (que, segundo as minhas amigas, é o ex-libris lá do sítio. não me atrevi) e determinados vegetais. Enfim, um conceito novo para mim - o do supra-mega-super-fast-food - mas, vá, interessante. Gostei daquela coisa de estar a comer e a micar o prato que se vai agarrar de seguida. Péssimo para socializar com as pessoas que estão na mesma mesa que nós.
– Duas fatias de um rolo de carne esquisito, com arroz e salada, aqui do restaurante do lado.
- Uma sandes de queijo de cabra fresco com alface e mais uma de atum com milho, alface e oregãos, rematadas por um folhado de mel com noz, que me acompanharam no primeiro dia do superbock.
– Uma salada de tomate e alface com atum. Cabe aqui dizer que o atum é daqueles conservados em água).
– Ora... o que é que eu jantei na segunda... ah! uma coisa muito boa, feita absolutamente por mim, que consistiu num salteado de seitan com vegetais (três espécies diferentes e uma boa base de cebola). Acompanhou este salteado um risotto de courgette (ao qual adjungi vinho branco em excesso, mas ficou bom).
– Um bife grelhado com alho acompanhado de salada de alface e cenoura.
Sou uma pessoa que não come uma sopinha há bastante tempo, portanto. Quero dedicar e passar esta corrente à
Sara (vá lá, men. Já me tinhas passado essa dos livros, Sara. Mas gosto imenso que ma passes, juro! Hoje estamos lá?). Passo ainda à
Carla (vá lá, men. Nunca te passei nada na vida, fogo...), à
Vieira (vá lá, men, a ti também não!), ao
Nuno (vá lá, men. ah, Nuno, tens aí um post que me chocou imenso e o qual tenho de rebater assim que possa. Fiquei mesmo chocada. Deixa lá que assim que possa logo vês) e à
gorda dos Gossip (e esta, hein? vá lá, men. vá!).
Quarta-feira, 4 de Julho de 2007
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batukada no terreno da décima terceira edição do Super Bock Super Rock – dia 1
Desde que sou uma profissional no activo, nunca mais consegui entrar num recinto de festival ao abrir das portas. Ora, este ano não foi excepção. Tal facto permitiu-me a grande felicidade de não me esbarrar com os super-entediantes e pseudopedantes Gift, mas também a grande infelicidade de não ter abanado a anquinha ao som dos bonitinhos Klaxons. Iniciei este grande festival ao som de uns oleosos e badochas Magic Numbers, mas não faz mal: deu para jantar convenientemente e com calma.
Neste primeiro dia, não houve que enganar. Escrevi uma letra hoje de manhã representativa da ocasião e tudo. Vejamos:
I fell into a burning arcade fire
I went down, down, down
and the flames went higher.
And it burns, burns, burns
the arcade fire
the arcade fire.
Bom, de resto:
Temperatura: Arcade Fire.
Vento: Arcade Fire.
Chuva: Arcade Fire.
Cor predominante: Arcade Fire.
Preço da cerveja: de 1,5 a 4 euros.
Os Bloc Party foram uma verdadeira seca. Seca, seca, seca, seca e seca. A acrescer, o vocalista é absolutamente prognata, ainda que tenha proporcionado a melhor frase da noite proferida por um transeunte, por acaso meu amigo, o *sarito, e que corresponde ao título deste post. Foi ainda apelidado de "Robert Smith em versão preta" por outro transeunte ao acaso, o
andalsness (terá sido pelo british accent? hum... não faço ideia), e de "buuuuuuuu" e "vai-te embora" por outros seres que por ali andavam. Os Arcade Fire entraram logo a seguir e vieram para ficar. Pelo menos nos nossos pobres corações rendidos. Um beijinho a todos eles, snifs, que são os maiores, os mais músicos e mais queridos. De pensar que um dia fui co-fundadora de um movimento que apelava à subvalorização destes megas... Que vergonha.
Não marcarei presença hoje, o segundo dia, por razões de oxigenação do cérebro. Mas lá estarei no terceiro para falar mal da gorda dos Gossip. Até lá, bom festival!
Terça-feira, 3 de Julho de 2007
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lies, lies!