Bom, pois após a
referida longa conversa (foi uma longa conversa absolutamente introspectiva), eu fiz um trabalho de campo que, ainda que não destrua por completo a teoria anteriormente teorizada por nós, vai deixar o totó um bocadinho em maus lençóis, ao contrário do que tinha sucedido.
De acordo com os dados que recolhi através da realização de um inquérito* a uma amostra exaustiva e significativa, constituída por dois totós e dois cromos, na faixa etária dos 27-34, da classe média-alta, todos letrados ao mais alto nível, chega-se à conclusão de seguida indicada: também o totó deve ser associado a uma coisa má.
Repare-se: o totó está associado às classes média-baixa, média-média, média-alta, alta e bastante alta e pertence, normalmente, a grupos intelectuais ou não. De maneira que é uma pessoa com normal acesso à informação, educada ou não (normalmente, atenção), mais letrada ou não (volto a repetir: normalmente, por amor de Deus; já me estão a enervar), mais socializada e socializável ou não. Ora, o que é que sucede? Sucede que o totó tem, portanto, poucas desculpas para o ser.
Examinemos agora o cromo, que, sim senhores, cola. O cromo, de acordo com os dados que recolhi através da realização de um inquérito a uma amostra exaustiva e significativa, constituída por dois totós e dois cromos, na faixa etária dos 27-28, da classe média-alta, todos letrados ao mais alto nível, está associado às classes média-baixa, média-média, média-alta, alta e bastante alta e pertence, normalmente, a grupos intelectuais ou não. De maneira que é uma pessoa com normal acesso à informação, educada ou não, mais letrada ou não, mais socializada e socializável ou não. Ora, o que é que sucede? Sucede que o cromo tem, portanto, poucas desculpas para o ser.
Há apenas um aspecto que os distingue e tem a ver com o público de fora: o espaço temporal em que se descobre que um é um e que outro é outro. O totó só o é
a posteriori, enquanto o cromo é-o já
a priori. Portanto, só se descobre um totó muito depois da primeira observação, porque o totó não passa de um… dissimulado, um sonso. Peço desculpa, mas é a mais pura das verdades e atesta-o o trabalho de campo efectuado. Onde é que pode haver boa-vontade ou mesmo bondade na dissimulação? Só se esta tiver objectivos, digamos, sexuais, mais nada, porque passa a ser uma coisa partilhada, e partilha é sempre boa. O totó não passa de uma pessoa que surpreende… pela negativa. Ou fala muito, ou fala pouco, ou não sei quê, ou é um atado, ou antipático, ou manda piadolas pertencentes ao cromo, enfim. Gente que tinha tudo para ser normal, mas não: falsos, patéticos, constrangedores, com problemas de dicção ou de tom, os totós não têm limites e ninguém está livre de os aturar. Porque andam por aí camuflados. Ora, indecente e muito pouco honesto.
O cromo não. Do cromo já se espera, há muito tempo, a sua cromice inata, desculpem lá. Não engana ninguém e só se enganam dois tipos de indivíduo: o que quer ser enganado ou o totó (
estás a ver a cena?). Depois há a criatividade da coisa: cada cromo tem a sua particularidade, são seres únicos, com cadernetas específicas, que até podem estar repetidos, e, normalmente, gingam. Esta honestidade e clareza do cromo apresentam, em última instância, menos perigos para a comunidade do que a inutilidade e bondade intrínsecas do sonso do totó (então não é,
pá!).
O mais certo é estar totalmente errada, mas esta a ideia que agora tenho desta gente: o meu voto vai, por isto, para os cromos. Basta de ter pena dos totós! Façam-se cromos, por Deus!