Um melhores concertos que vi na minha curta existência foi, há alguns anos atrás, o do magnífico
Goran Bregovic, acompanhado da sua fenomenal banda e brilhantes convidados, nos jardins de Belém. Naquele dia, a excitação e a expectativa eram grandes: afinal de contas, íamos, finalmente, poder experienciar o que seria fazer parte de um filme do Kusturica. Era inevitável e indissociável, e, portanto, foi precisamente o que aconteceu. O poder da música e o cénico imaginário nos respectivos auges: alegria, meus caros, muita alegria. Festa, muita festa; paródia. Felicidade e um aconchego inexplicáveis.
Lembrei-me disto ontem à noite, precisamente porque voltei a sentir um nico do que tinha sido aquilo tudo, enquanto via - em hora tardia, bem sei -
A Vida é um Milagre, o mais recente filme do Emir Kusturica, como toda a gente sabe. Mas, alto, o rapaz já não faz nada com o Goran. A banda sonora deste filme é dos
No Smoking Orchestra, a banda do Kustu e nada de Gogó, como toda a gente sabe, mas sente-se uma coisa parecida, de Leste. Maravilhoso, maravilhoso: desde a burra que chora - que esteve na perfeição - à linha da boa branca na linha-de-ferro.
Enchanté, s'il vous plaît.

Emir Kusturica num ângulo visivelmente favorável, de quem vai produzir arte em dois minutos. Arte, arte.
Lembrei-me, também, de como é dramático andar-se a falar mal deste filme e a falar bem do Avelino Ferreira Torres.