Segunda-feira, 17 de Maio de 2004

Ode ao pólipo negro

Apraz-me que no telejornal se faça, agora, uma voraz crítica aos ridículos e ofensivos "benvidos" (relativos ao Euro 2004) que a Câmara Municipal de Lisboa fez espalhar pela cidade. É bonito, quase tocante, ver a nossa língua defendida, em pleno horário nobre (note-se). Mas dá-me vontade de pensar que não se está, na realidade e em primeiro lugar, a defender uma língua, mas a criticar uma câmara (na pessoa ou não de um presidente que abre caboucos ao desbarato, é indiferente).



Esta câmara, na pessoa de alguns dos seus funcionários, não deixa, também ela, de ser uma vergonha, uma analfabeta, claro, mas chateia sabermos das potencialidades linguísticas e literárias de muitos dos energúmenos que atacam as calinadas desta instituição: são os mesmos que fazem grandes festins com vírgulas entre sujeitos e predicados; são os mesmos que tiram, sem comiseração alguma, os hífenes a todos os "fins-de-semana"; os mesmos que desconhecem, total e estupidamente, as regências dos verbos, proferindo enormidades como "o doutor gosta que". Ora, está mal, faz mal e é de condenar. Dali para fora, já! Ou, então, estudem mais um bocadinho. Consultem as autoridades escritas da Língua, por exemplo. Aprumem-se.



Têm muita razão, sim senhora. Não se escreve "benvindo" nem que à mais muda das vacas lhe dê, assim de repente, para tossir, muito menos em cartazes publicitários ao Euro (credo!). Não, não. É coisa de analfabetos que não deviam ter acesso nem ao mais pobrezinho dos livros de recibos verdes, quanto mais trabalhar à frente de uma redacção... Mas também não há o direito de compactuar com as enormidades que são tornadas públicas, com o maior sorriso nos lábios de telejornalista, todos os dias, em horário nobre, para o bom português ver, registar e copiar. Está mal...



Faça-se o rastreio e eliminem-se os pólipos negros que nos transmitem as notícias, senhores!

publicado pela batukada às 22:52
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